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Por que Oboé na História? Música Executada com Instrumentos Originaispublicado em segunda-feira, 14 de outubro de 2013( 3 comentário s, enviar um comentário! )
Vídeos ilustrativos com peças da música clássica no final do texto. As paixões servem para manter a vontade de vencer esses desafios que ao longo da vida tem-se de enfrentar e são eles que moldam uma pessoa melhor. Quando estava no ginasial (ensino fundamental), algumas matérias eram as prediletas, como História, Matemática, outras estudava-se para passar no final do ano. FAMÍLIA COMPLETA DO OBOÉ:
da esquerda para a direita: oboé musette (sopranino) em fá oboé normal (soprano) em dó oboé d´amore (mezzo-soprano) em lá corne inglês (oboé contralto) em fá oboé barítono (oboé baixo) em dó, soa uma oitava abaixo do oboé normal. Desenvolvi o gosto pela história devido um professor que tive. Ele tinha a disciplina nas veias e suas aulas eram verdadeiras viagens na História. Algum fato ele detalhava de tal maneira que parecia que a turma vivenciava aquele momento. Descobri o oboé na minha juventude e foi paixão à primeira vista, mais precisamente à primeira audição, pois antes ouvia músicas que continha oboé, porém não tinha a sensibilidade de identificar timbres diferentes, achava que era um trompete muito bem tocado, tal a falta de conhecimento. Oriundo de família evangélica, já estava familiarizado com os trompetes e violinos, mas oboé até então era pura novidade. Em outro artigo a ser publicado, detalho a maneira dificultosa que comecei a estudar oboé. Apesar de jovem, já era um homem casado e tinha de correr atrás do sustento da família, mas com alguma dificuldade consegui começar os estudos, infelizmente sem muita dedicação devido compromissos profissionais. Mais tarde, já mais maduro e não podendo manter o estudo da música, passei a colecionar artigos sobre a história do instrumento. Não era muito adepto de ouvir música clássica ou erudita, havia algumas composições que eu gostava, porém não as tinha ouvido na íntegra, mas a partir do momento em que passei a apreciar oboé, desenvolvi o gosto pela música clássica. Já o gosto pela música executada em instrumentos históricos ou originais, surgiu quando comprei um LP dos Concertos de Brandenburgo de Bach com o Collegium Aureum, uma orquestra alemã que executa música antiga com instrumentos originais. Lendo a ficha técnica me surpreendeu que o oboísta executava: “barockoboe”(oboé barroco), mal eu conhecia o oboé e agora aparecia outro tipo de instrumento que eu nem imaginava como era. Eu já tinha ouvido uma versão sintetizada com Walter Carlos, pioneiro nas gravações de música clássica com o uso de sintetizadores, gravou o álbum Switched on Bach em 1968 onde uma das faixas era dedicada a um dos Concertos de Brandenburgo. Porém ouvir o mesmo concerto tocado por uma orquestra executando instrumentos históricos era uma imensa melhoria de fidelidade sonora. Essa febre apanhou de surpresa muitos músicos de então. Havia o grupo que defendia a música executada em instrumentos originais e havia o grupo de músicos que abominavam tais execuções, de certa forma houve divisão entre grupos do pró e do contra o uso de instrumentos originais. Nikolaus Harnoncourt (violoncelista e maestro) ilustra com exatidão as diferenças entre os grupos do pró e contra o uso de instrumentos autênticos em seu livro O Discurso dos Sons de 1982, traduzido em português por Marcelo Fagerlande, Editora Zahar. Harnoncourt um colecionador e adepto do uso de instrumentos antigos, fundou em 1953 junto com sua esposa Alice (violinista e spalla da orquestra), o Concentus Musicus Wien, uma orquestra de câmara que toca obras barrocas com instrumentos originais, é considerado um especialista nas obras de Bach. Em 1973 Harnoncourt juntou-se a Paul Hailperin de Viena e Heinrich Thein de Bremen e construíram a primeira réplica do oboé da caccia (precursor do corne inglês) de Eichentopf, gravou um compacto com excertos das cantatas BWV27 e BWV248 de Bach. A discussão entre os grupos pró e contra o uso de instrumentos originais consistia no fato que no início não havia muito critério para a construção de instrumentos históricos. Harnoncourt critica com ênfase a “febre” dos instrumentos originais e a falta de critério entre os fabricantes de instrumentos. Havia casos em que não se buscava a originalidade nem de construção muito menos de sonoridade e cita o caso da fabricação de cravos onde os componentes do instrumento não buscavam similaridade aos pesquisados nos museus, de forma que nem dá para imaginar como soavam tais “pseudo-cravos”. Numa comparação romântica, imagina se Stradivarius viesse aos dias de hoje e tocasse um de seus violinos modificados para a música atual, com certeza ele diria que não assinaria um instrumento “estranho”, em contrapartida um músico atual que voltasse no tempo e tentasse tocar um Stradivarius original com arco e acessórios originais da época, certamente diria que era um péssimo violino. Na minha opinião o interesse por instrumentos antigos nasceu quando Mendelssohn ao ler as partituras de Bach deparou com uma orquestração que já havia sido esquecida. O oboé d´amore e o oboé da caccia já não estavam mais entre os instrumentos da orquestra. Mendelssohn ficou impressionado com a beleza da obra do Grande Mestre que decidiu executá-las, mas com os instrumentos que dispunha então. O bom senso falou mais alto quando (para o bem de nossos ouvidos) Mendelssohn percebeu que as partes para oboé d´amore e oboé da caccia não soavam bem com clarinetes. Luthiers da época trabalharam incansavelmente para construir um “novo” oboé d´amore para executar as obras de Bach tais como foram escritas. Os instrumentos evoluíram de acordo com a necessidade de facilitar a maneira de tocar com maior igualdade sonora, por isso Boehm, Triébert, Lorée e Heckel gastaram muito neurônio pesquisando aprimoramentos em instrumentos como a flauta, oboé e fagote. Mas sem a contribuição desses mestres não teríamos hoje verdadeiras obras de arte que são os instrumentos fabricados por seus sucessores. Traçando um paralelo aos oboés, o que diria Denner ou Eichentopf se viessem aos dias atuais e tentassem tocar os oboés modernos? Para eles não seria um oboé e sim um instrumento de tubo cônico que soaria como um oboé, com muitas chaves. Se até Leon Goossens (1897-1988) que teve sua carreira durante o século XX, escreveu em seu livro que estranhava instrumentos com madeira mais robusta e recursos a mais, sendo que ele já tocava um oboé modernizado. O oboé barroco tinha algumas deficiências e buscando saná-las, os luthiers pesquisaram melhorias para o instrumento até chegar ao Modelo Conservatório, porém para ganharmos mais facilidades de execução, ainda de acordo com Harnoncourt, perdeu-se algumas características, É possível distinguir o som do oboé barroco ao som do oboé moderno, o primeiro possui um som mais doce, mais madeira, enquanto o segundo já possui maior volume de som, porém um pouco mais estridente devido o uso de outro tipo de madeira e a adição de mais chaves de metal. Optar por execuções ou gravações com “Instrumentos Originais” é um gosto pessoal de cada músico. Assim como preferir as execuções mais modernas com orquestra monumental é opinião pessoal. Na verdade o que pretendo explanar e deixar claro os objetivos de montar este site é que reúno neste espaço as minhas duas paixões: a Música através do OBOÉ e a História. Quando estou falando de música e de oboé, meu sangue ferve e sinto aflorar minhas paixões. Da mesma forma quando leio, assisto a um programa ou mesmo um filme focado na História, dedico horas mergulhado naquele fato ou acontecimento histórico, aprimorando a pesquisa naquele período correspondente. Quando os dois assuntos se fundem chega-se a um clímax de onde nasceu a intenção de montar este site. Espero cumprir os objetivos de unir essas duas paixões e publicar artigos interessantes neste espaço. Vídeos relacionados:Comentários:Envie o seu comentário:Quer comentar no Facebook? Então clique aqui.Comente no Facebook: |